domingo, 31 de janeiro de 2010

Assim se sente o meu espírito ...

Endechas a Bárbara escrava

Aquela cativa,
que me tem cativo,
porque nela vivo
já não quer que viva.
Eu nunca vi rosa
que em suaves molhos,
que para meus olhos
fosse mais fermosa.

Nem no campo flores,
nem no céu estrelas,
me parecem belas
como os meus amores.
Rosto singular,
olhos sossegados,
pretos e cansados,
mas não de matar.

Tua graça viva
que neles lhe mora,
para ser senhora
de quem é cativa.
Pretos os cabelos,
onde o povo vão
perde opinião
que os louros são belos.

Pretidão de Amor,
tão doce a figura,
que a neve lhe jura
que trocara a cor.
Leda mansidão
que o siso acompanha:
bem parece estranha,
mas bárbara não.

Presença serena
que a tormenta amansa:
nela enfim descansa
toda a minha pena.
Esta é a cativa
que me tem cativo,
e, pois nela vivo,
é força que viva.

Luís de Camões

sábado, 30 de janeiro de 2010

domingo, 24 de janeiro de 2010

Lágrimas


Quando a minha alma chora,
Brotam lágrimas de angústia
Brotam palavras do meu íntimo
Da profundeza do espírito
Envolto pelas trevas da tristeza
Só quando a minha alma chora.

Voar


Sempre quis voar.
Desde pequenino tinha inveja dos pássaros que com suas asas traçavam o céu azul. Até que um dia aprendi a fazê-lo também. Soltando a minha imaginação, imitando as gaivotas, as águias, as andorinhas. Tracei o meu próprio caminho através do céu azul, visitei a lua e o sol. Até ao momento sem razão para pousar mas tu deste me essa razão. Aterro, peço-te um beijo para que te possa levar comigo nesta viagem até às estrelas com cada bater das minhas asas.